terça-feira, 1 de março de 2011

OS ALUNOS DO 5º SEMESTRE DA 2ª ETAPA - EJA CRIAM CRÔNICAS MUITO INTERESSANTES...

A turma do 5º Semestre da 2ª Etapa - EJA do Col. Est. Bartolomeu Bueno da Silva, sob a orientação do Prof. Paulo Sérgio, estudam CRÔNICAS. Depois de lerem e analisarem várias crônicas, de vários autores, destavando os elementos da narrativa, os tipos de discurso e a coerência e coesão textual, os alunos criaram crônicas narrando experiências reais de seu cotidiano...


SÓ AGORA ESTOU APRENDENDO A SER FELIZ

Estou muito feliz. Depois de vinte anos que concluí a sétima série, eu voltei a estudar. Em 1985, eu estava muito feliz, pois estava indo bem nos estudos...
Porém, eu não estava bem com a minha família, e, por isso, fiz a escolha mais errada da minha vida: resolvi me casar. Foi a coisa mais errada e absurda que já fiz em toda a minha vida. Só consegui passar essa fase negra, porque Deus me deu o privilégio de ser mãe de três filhos maravilhosos. O primeiro, Lázaro Tadeu, o segundo Marcos Lourenço e o terceiro Navilton Matheus. Tenho também três lindos netos: Marcos Antônio, Pedro Lucas e Daniel Henrique, e minhas três noras. Tenho ainda uma irmã e dois sobrinhos que amo muito... Hoje estou numa fase legal da minha vida. Consegui me divorciar, tenho minha casa própria, tenho o meu trabalho, sou funcionária pública (Serviços Gerais Classe II) e sou vendedora autônoma. Amo muito os meus serviços.
Como diz o sábio Salomão, personagem bíblica, devemos sempre pedir a Deus muita sabedoria. Sabedoria, inclusive, para fazermos as nossas escolhas. É o que eu espero: que de agora em diante Ele me dê sabedoria para que eu possa sempre fazer boas escolhas.

Luzia Donizeth de Oliveira
5º Sem. - 2º Etapa - EJA – 2011 – C.E.B.B.S.


Minhas lembranças...

No meu tempo de criança, eu morava na fazenda. Gostava muito de andar a cavalo e pescar. Na fazenda, tinha um pomar de laranjeiras, uma casa muito bonita, cor de rosa, com um jardim muito bonito, com muitas flores.
No período da tarde, eu e meu irmão estudávamos. Nós íamos para a escola com outros colegas. No caminho, falávamos sobre muitas coisas. Às vezes, nós íamos a cavalo, mas, na maioria das vezes, íamos a pé, porque nós morávamos perto da escola. Nossa professora era muito legal. Ela brincava, contava histórias. Na hora do recreio, nós brincávamos de pique esconde. No final da aula, eu sempre ficava brincando com as filhas da professora. Isso aconteceu no ano de 1990. Esse foi um dos melhores anos da minha vida.
Muita coisa aconteceu desde este tempo. Coisas divertidas, coisas tristes, e outras nem tanto. Tomei várias decisões. Segui vários caminhos... Hoje eu estou morando em Paranaiguara-Go, tenho dois filhos, moro com minha mãe. Voltei a estudar. Sou muito feliz vivendo ao lado da minha família.

Solange da Silva Faria 
5º Sem. - 2ª Etapa - EJA – 2011 – C.E.B.B.S.


Minha Viagem à Austrália

Sexta-feira à noite entrei no ônibus em Nova Andradina (MS) em direção a Guarulhos (SP), onde iria pegar o voo a outro país. A sensação era estranha e, ao mesmo tempo que estava ansiosa, eu também estava triste, pois não queria deixar minha família.
Ao entrar no ônibus, percebi que haviam muitas pessoas que também iriam para o mesmo país que iríamos. Então fiquei mais calma. Como estava de noite, resolvi dormir, pois seria uma longa viagem, mas haviam muitas crianças no ônibus que não paravam de bagunçar e então não consegui dormir, até que eles dormissem.
Chegando ao aeroporto de Guarulhos, todos descemos do ônibus e fomos diretamente fazer o check-in. Após algumas horas de espera, nosso avião finalmente chegou. Fiquei surpresa, pois nunca havia visto um avião de tão perto. Nessa hora, fiquei com medo e ansiosa.
Ao embarcar no avião, o meu medo aumentou. Eu olhava para meus pais com cara de assustada e eles apenas sorriam, pois já sabiam que eu estava com medo. Minutos depois, o avião começou a subir. Senti um frio na barriga. Segurei bem a mão da minha mãe e disse: “Mãe estou com medo, não quero morrer!”. E ela apenas sorria. Então me segurei bem. Senti que o avião tinha parado de subir. Parecia que havia parado no ar. Olhei pela janela e vi que já estava acima das nuvens. Meu medo passou. Fiquei calma. Depois do medo todo que havia passado, só queria aproveitar a viagem.
Depois de quatro horas de vôo, chegamos ao Chile, onde iríamos pegar um outro avião para Nova Zelândia. Esperamos por mais algumas horas, até nosso próximo avião chegar. E depois embarcamos no avião. Mas dessa vez, eu já não estava mais com medo e sim cansada.
Mais Doze horas se passaram e finalmente chegamos a Nova Zelândia. Eu já não aguentava mais ficar em um avião, mas sabia que ainda haviam mais 4 horas de voo para chegarmos à Austrália. Esperamos mais algumas horas e nosso outro avião chegou. Estava cansada, mas também feliz em saber que aquele seria nosso último avião.
Quatro horas se passaram. Olhei pela janela. Já avistei a cidade. Estava feliz, pois finalmente estávamos chegando à Austrália. Quando descemos do avião, percebi que já havia um homem nos esperando. Ele se aproximou de todos nós. Estávamos entre mais de 30 brasileiros. Então ele se apresentou como nosso intérprete.
Felizes, todos fomos em direção do ônibus que nos esperava para nos levar até nossas casas. Meu pai, como já morava lá há algum tempo, já sabia o caminho, mas eu apenas observava por onde passávamos.
Ao chegar em casa, estava muito cansada. Então resolvi tomar um banho. Após sair do banheiro, meu pai me chamou para ir ao shop para comprar algumas coisas para casa. Eu aceitei.
Foi então que percebi que meu pai estava dirigindo em direção errada na rua, e que também o volante do carro estava no lugar errado. Então ele me explicou que ali era tudo ao contrário do Brasil. Ao chegar ao shop, fomos ao mercado. Percebi que não podia entender nada do que as pessoas falavam. Muitas coisas eram diferentes ali. Foi então que percebi que minha vida iria mudar completamente naquele lugar.

Jéssica Nascimento de Melo
5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.


O ENCONTRO

Era dia 09 de dezembro de 2009, um dia normal de trabalho na pizzaria, onde eu trabalhava. Eu estava desanimada e muito triste, pois já fazia um mês que eu havia descoberto que estava sendo traída pelo pai do meu filho, com o qual eu havia vivido por quatro anos.
Enquanto eu organizava as mesas, os copos e os talheres, e, ao mesmo tempo, pensava no que havia acontecido, minha patroa Solange chegou e perguntou:
−Priscila, você já abriu o caixa?
E eu, imediatamente, respondi:
−Sim senhora, já abri o caixa.
Voltei aos meus pensamentos distantes, com meus olhos vazios, sem nenhuma animação... quando, de repente, percebo que alguém chegou na mesa 16. Corri logo para atender o primeiro e solitário freguês que havia acabado de chegar.
− Boa noite, senhor! Posso ajudá-lo?
− Sim! Por favor! Uma cerveja.
− Um copo?
− Sim. A não ser que você queira me acompanhar!
Eu dei um sorriso amarelo, mas, sem perder o foco, continuei o meu trabalho e falei:
−Senhor, quando precisar de alguma coisa, é só chamar!
Continuei o meu trabalho, sem me esquecer do moço da mesa 16, solitário como eu.
Mais tarde, começou a ficar mais cansativo. A pizzaria começou a encher de gente, mas eu continuava sem me esquecer do moço da mesa 16. Ele já havia tomado quatro cervejas, quando me chamou novamente:
−Garçonete, posso te fazer uma pergunta?
−Sim! É claro!
−Você tem namorado?
Novamente o sorriso amarelo apareceu no meu rosto, mas, ainda assim, respondi:
−Não senhor! Por quê?
−Porque eu estou em suas mãos.
−Como assim?
−Se eu ficasse aqui até a pizzaria fechar para te levar para sua casa, você aceitaria?
Apenas sorri e voltei ao meu trabalho. Já era tarde, as pessoas já estavam indo embora, menos o moço da mesa 16. Não me contive. Fui até ele e perguntei:
−Moço, você não vai embora?
−Não.
Eu, muito sem graça, mas também curiosa para saber se era por minha causa que ele estava esperando, continuei o meu trabalho. O rapaz me chamou novamente e pediu a conta. Naquele momento, desanimei. Mas fui somar sua conta. Ele pagou e saiu do estabelecimento. Já estava no fim da minha longa noite de trabalho. Quando estava já trancando as portas da pizzaria, olhei para o lado e lá estava ele: o moço, que ainda só o conhecia como o moço da mesa 16, sentado em um banco, ainda sozinho. Decidi fingir que não o havia visto, quando ele me chamou:
−Garçonete!
Olhei e disse:
−Ainda aí?
−Estava te esperando.
−Me esperando por quê?
−Porque eu não poderia ir embora sem saber o seu nome.
−Meu nome? Por quê?
−Porque tenho que saber o nome da mulher que ganhou o meu coração.
Fiquei sem reação, mas falei:
−Meu nome é Priscila.
Ficamos em silêncio. Mas eu também estava ansiosa para saber o nome do moço da mesa 16. Mas não perguntei. Nos sentamos e ficamos a noite inteira conversando. Quando o sol começou a nascer, criei coragem e perguntei:
−Moço, qual é o seu nome?
E ele me respondeu com um sorriso:
−Marsol.

Priscila F. Quintino
5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.


UMA NOITE DE TERROR

Em uma noite de quinta-feira, de lua cheia. Resolvi assistir a um programa que passava na TV chamado “Linha Direta”, que só mostrava assuntos de crime ou de assombração. E foi por um desses programas que resolvi ficar até mais tarde acordada, apesar de estar com muito medo, porque o marido não estava.
Até então, tudo estava normal, quando ouvi uns passos... Achava que era algo sobrenatural, tipo uma assombração. Mas, neste momento, não tinha ninguém que tivesse coragem de abrir a porta para ver o que era. O vento soprava forte. As pisadas aumentavam. Eu ouvia estrondos muito estranhos. Com certeza, era uma assombração. Era uma junção de pisadas e estrondos, que faziam sons muito estranhos, que se repetiam insistentemente... Quase me enfartei de tanto medo. O medo era tanto, que não consegui dormir a noite toda.
Ao amanhecer, fui rápido ao quintal para ver o que tinha acontecido. Só vi rastos de cavalo e uma lavadeira quebrada. Percebi que, por ironia do destino, justo naquela noite, eu esqueci uma lavadeira de plástico em cima de uma mesa na lavanderia da casa. E, para completar, alguém deixou a porteira aberta, o que permitiu que o cavalo entrasse no quintal...
De assombração não tinha nada... Mas tudo era verdade, principalmente o meu medo. “Ah! Que noite de terror!!! "
Sandra Rosa dos Santos
5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.


O BÊBADO QUE NÃO É FORMIGA


Há uns cinco meses, estava eu em uma rodoviária esperando um ônibus. Observei todo o ambiente, as pessoas, os comerciantes, muitos que vinham, outros que iam.
Olhei para o balcão de um bar. Algo me chamou a atenção. Resolvi que queria comer um doce. Pedi ao garçom. Então eu vi que uma pessoa se aproximou de mim. Ele estava com evidentes sinais de embriaguês, além de sujo e malvestido. O pobre homem virou-se para mim e disse:
_ Você pode me pagar uma pinga?
Eu respondi:
_ Uma pinga, não posso pagar, mas um pedaço de doce, sim!
O bêbado saiu, em silêncio, em direção aos seus colegas. Eu já observei que, nestas situações de excesso de bebida, eles sempre andam em grupos. Ele virou-se para os companheiros e disse:
_ Eu pedi uma pinga pra aquele rapaz e ele me disse que uma pinga não pode, mas um pedaço de doce, sim... Acham que ia aceitar? Eu não sou formiga pra gostar de doce!!!

Rosenildo Sousa dos Santos
5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.



A FELICIDADE DE CASSANDRA

Cassandra era de uma família pobre. Tinha dois irmãos. Seus pais se separaram quando ela tinha 11 anos. Seus irmãos ficaram com seu pai e ela ficou com sua mãe. As duas foram morar na casa de sua avó materna.
A avó não gostava muito de Cassandra, que pedia sempre sua mãe para ir embora, mas sua mãe sempre se lamentava por não ter para onde ir. Passaram-se quatro anos da luta dela e da mãe na casa da avó. Cassandra completou 15 anos e foi passar o carnaval na cidade, na casa de usa tia. Lá conheceu um rapaz. Namoraram por três dias. No quarto dia, ela iria para a casa no sítio, mas, antes da partida, fugiu com o namorado. Saíram às três da manhã, em direção à casa da tia dele. Naquela madrugada, o moço descobriu que Cassandra não era mais virgem. Foi horrível para ela. Ele disse que iria devolvê-la para a mãe dela. Desesperada, a garota suplicou, aos seus pés, que não a levasse de volta para a mãe, porque lá ninguém sabia de sua história. Não teve acordo. O moço a levou e contou tudo o que estava acontecendo. A mãe, muito nervosa, perguntou quando e com quem aconteceu a sua primeira vez. A menina calou-se por cinco minutos, depois disse que foi com o primo...
Então chegou a noite. Todos já haviam se acalmado. A mãe, Cassandra e o namorado se sentaram para conversar. Depois de tudo esclarecido, chegaram a uma conclusão: o moço resolveu continuar seu namoro com Cassandra, já que percebeu que estava gostando dela, mesmo com todos os acontecimentos...
Ela, hoje, tem 18 anos e viajou com seu futuro esposo para outro estado e estão muito felizes...

Franciely dos Santos
5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.


A MENINA DO ESCURO

Quando a minha família morava no Maranhão, minha mãe morava numa casinha simples, de barro e coberta com palha... Minha irmã mais velha, que tinha cabelos curtos e adorava um vestido branco, tinha muito medo de escuro.
Num belo dia, já noite, ela saiu na porta que dava para o quintal da casa... De repente, voltou correndo e chamou minha mãe e falou:
_ Mãe, olhe lá, uma menina com uma vela na mão!
Minha mãe perguntou:
_ Onde, minha filha? Não vendo nada!
Minha irmã insistia, apontando a direção:
_ Lá fora, mãe!
Minha mãe, desapontada, repetiu:
_ Não estou vendo nada, filha! Vamos dormir. Não tem nada aqui.
Minha irmã insistia que viu a menina. Então minha mãe disse:
_ Vamos dormir! Quando clarear, a gente vê o que aconteceu.
Quando amanheceu o dia, não tinha nem rasto de qualquer pessoa...

Lucilene de Sousa Marques
5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.


O MENINO QUE FOI REJEITADO PELO PAI

No dia 28/06/1987, nasceu um menino. Logo após o nascimento, seu pai falou que aquele não era seu filho, porque, quando olhou para a criança, viu que era muito diferente do pai, tanto na cor da pele, quanto na aparência do rosto.
Por da ignorância daquele homem, ele maltratava a mãe da criança, gritava, xingava, batia, chutava... Quando nasceram mais dois filhos, o pai não falou nada, porque as crianças eram da mesma cor dele. Quando os filhos já estavam grandes, os dois mais novos, que o pai sempre defendeu, não quiseram saber dele, foram embora cuidar de suas vidas. Só o filho rejeitado, apesar disso, se preocupou em cuidar do pai.
Enfim, o filho rejeitado se tornou o filho abençoado!

José Cícero de Alexandre
5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.



A PEDINTE

Um dia, uma pessoa chegou lá em casa pedindo um pouco de comida. Eu falei para ela:
_ Tudo bem, mas primeiro ajude a minha esposa no serviço da casa, depois eu te pago pelo serviço.
A mulher disse que não queria e foi embora. Eu pensei que ela não voltaria mais em minha casa. Mas, no outro dia, ela estava novamente pedindo comida. Eu percebi que ela era uma pessoa muito sofrida. Então eu perguntei se ela não gostaria de trabalhar em minha casa e ter o seu salário. E ela falou:
_ Eu não quero trabalhar. Eu prefiro viver pedindo na rua. Eu ganhar o meu dinheiro e comida, assim, é muito melhor.

5º Sem. – 2ª Etapa – EJA – 2011 – C.E.B.B.S.